Eu contei cada segundo que faltava para as férias desse ano chegarem. Quando as marquei no início do ano, era para um destino totalmente diferente e que infelizmente vai ter aguardar mais um pouco por causa da porcaria da COVID. Enfim, como estamos nessa horrível pandemia, os planos para as férias tiveram que sofrer adaptações, e decidimos sair um pouco de casa e explorar Portugal.
Apesar da má experiência que tínhamos tido com um aluguel de carro na viagem para Sintra, convenci o Lucas a tentarmos novamente e dessa vez explorar um pouco o norte de Portugal, e o incrível Parque Nacional do Peneda Gerês.
O PNPG, é enorme! Abrange 22 freguesias, integrando 3 distritos, e fazendo divisa com a Espanha.* Sendo deste tamanho, como é claro não conseguimos conhecemos o parque todo, foi para nós foi um passeio curtinho, pra quem gosta desse contato com a natureza com certeza precisa de vários dias.
Como sempre comento por aqui, isso é um relato da minha experiência baseado no que gostamos de fazer, portanto, não deve ser nada parecido com quem costuma fazer essas viagens.
Saímos do Porto no domingo em direção a Ponte de Lima. Ponte de Lima não está no território do PNPG, mas é uma cidadezinha que eu tinha interesse em conhecer.
Quando passamos por essas cidades pequenas, eu gosto de me perder pelas ruas e ter atenção aos detalhes, em Ponte de Lima, chegamos um pouco antes do horário do almoço e a cidade estava SUPER cheia e um sol de matar então acabamos por dar uma voltinha bem breve.
Atravessamos a famosa ponte, andamos pelo Parque do Arnado, passamos pelo Largo de Camões e pelo Paço do Marquês, e não entramos no Centro de Interpretação da História Militar, pois ele havia acabado de fechar. Como a cidade estava mesmo cheia, resolvemos almoçar os lanchinhos que eu havia feito para a viagem e seguimos em direção a segunda parada:
Arcos de Valdevez.
Arcos de Valdevez também fica no distrito de Viana do Castelo. Mas ao contrário de Ponte de Lima a cidade estava bem vazia e conseguimos andar mais tranquilos.
Passamos pelo pelourinho, pelo jardim dos centenários e a Igreja do Espírito Santo e descemos em direção a Praia Fluvial da Valeta. Demos a volta para ver o Rio Vez e subimos em direção a Igreja da Lapa e o Relógio de Água; e bem em frente paramos e comemos uma banana split mara!
Acabou que as duas cidades tinham menos coisas do que eu esperava para ver. (Como sempre digo, eu e o Lucas não somos lá fãs de ficar pingando de museu em museu.) Então, decidimos que era hora de seguir rumo ao Soajo que era onde passaríamos a noite.
No caminho para Soajo, passamos antes pelo Mezio, umas das portas de entrada do PNPG e seu balanço que é a sensação do Instagram. Era previsto chegarmos ao final do dia, mas como estava quente e não tinha onde esperar, fomos ver, tiramos fotos e seguimos.
Soajo:
Como no meu roteiro Soajo só estava programado para o dia seguinte, chegamos e ficamos a espera do alojamento ficar pronto, e a hospedagem foi incrível. O único ponto é que não tinha opção do café da manhã, e apesar da hospedagem ter cozinha, não tinha sequer um cafezinho perdido. Mas super recomendo.
Chegamos com fome, e cansados. Como ainda era cedo, esperamos um pouco para jantar. E acabou que comemos num lugar que ficava mesmo a pouco passos da hospedagem, desses que não tem menu, que a senhora cozinha do lado de fora, e que os moradores vão e sentam-se nas mesas para bater papo no fim da tarde.
Não há muito o que ver em Soajo, é verdade, as pseudo ruas são tão estreitas que nem passamos de carro, deixamos o estacionado e fomos a hospedagem a pé. Eu quis ir até lá para conhecer os espigueiros e aproveitamos para dormir a primeira noite por lá, e não me arrependo, foi bom acordar no meio da paz que só uma cidade remota pode te dar.
No dia seguinte, acordamos e fomos ver a atração principal que são os espigueiros.
Os espigueiros são uma estrutura de pedra que são utilizados para secar o milho, eles são fechados e elevados para proteger contra bichos, e tem apenas algumas aberturas para permitir a entrada de ar.
Tirei 33284048 fotos e como em Soajo eu só queria ir ao Poço na parte da tarde, decidimos ir até Lindoso que também tem os espigueiros e um castelo!
Voltamos para Soajo, e paramos no Poço Negro. Ele tem uma escadaria que dá acesso direto a pequena queda d’água e com o calor que estava eu não pensei duas vezes e vesti meu biquíni pronta pra mergulhar na água gelada!
Dei alguns mergulhos, a água estava mil vezes melhor que das praias daqui, brinquei com o doguinho alheio, e resolvemos seguir para tentar almoçar. (sigo arrependida de não ter ficado por lá mais um tempo).
Tem um restaurante bastante comentado em Soajo, e decidimos ir almoçar. Não sei se demos azar, ou por ser segunda-feira, mas o lugar estava fechado 🙁 almoçamos lanchinhos de novo, e era hora de seguir então para a Vila do Gerês.
Não ficamos hospedados exatamente na vila, mas sim um pouco antes. Chegamos, deixamos as coisas na hospedagem e como ainda era cedo, resolvemos ir até à Portela do Homem, a divisa com a Espanha e onde fica umas das muitas cascatas do Gerês. Nesse mesmo caminho também fica a Mata da Albergaria, e em um determinado ponto tem um acesso condicionado. Nesse dia, ao chegarmos perto, o acesso estava basicamente barrado devido a alerta vermelho, o que significava que não poderíamos parar com o carro, nem descer para nada. Fiquei triste e fizemos o caminho de volta, parando apenas no Miradouro da preguiça.
Eu não sei se foi o fato de fazer muito tempo que não andava de carro, ou se por todo o caminho no Gerês ser de serra (subidas, descidas e curvas estreitas) que me deixou imensamente enjoada e o Lucas irritado de dirigir naquelas condições, portanto, nem consideramos voltar para tentar ir a Portela em algum outro dia. Uma pena :/
Voltamos para a cidade, passamos no mercado para comprar coisas para um novo lanchinho, demos uma volta e esperamos o restaurante abrir para o jantar.
Para o dia seguinte, eu tinha colocado na cabeça que queria fazer trilha. Eu não sou muito dessas coisas, mas também não sou completamente alheia, mas se tem algo que eu nunca sou é completamente preparada. Então como é claro, Lucas não estava muito feliz com a ideia de fazer uma trilha comigo. Em minha defesa, eu já tinha lido sobre o lugar, e sobre a trilha. Sabia que era basicamente um caminho que seguia uma estrada, portanto não podia ser muito difícil não é? Eu estava confiante! E o Lucas, estava duvidante. E até agora não sei como convenci ele a fazer aquilo, mas ainda assim, fomos em direção a Xertelo, porque eu queria ver 7 laguinhos.
Eu nunca fiz uma trilha. Não mato um bichinho em casa, mas por algum motivo, eu estava me sentindo destemida aquele dia. Não corajosa o suficiente para iniciar a trilha sozinha, mas suficiente para tentar. Então resolvemos ir pela estrada, e no início do caminho, por intervenção divina (ou para salvar meu namoro da briga que ia acontecer se eu me perdesse), Deus colocou dois casais em nossa companhia, fazendo com que a confiança de seguir pela trilha voltasse. A trilha tem um percurso de 5km e é realmente sinalizada se você tiver atenção às marcações, e durante todo o percurso, tal como o final, é recompensador.
Como Lucas não gosta tanto dessas coisas, e o lugar (por incrível que pareça) começou a encher, resolvemos voltar antes que estivesse muito sol. No retorno para o hotel, ainda passamos por Fafião e paramos no mirante.
Depois de fazer o Lucas fazer uma trilha de 10km para alguns laguinhos que ele nem curte, decidi não abusar da sorte e não tentar nenhuma cascata. Ainda tinha a Cascata Tahiti no meu programa original, mas li que é um lugar de difícil acesso e que provavelmente estaria cheio de gente. Não achei que valia.
Quase que do lado da nossa hospedagem, tem uma praia fluvial, praias fluviais são rios, barragens, zonas de água doce em que se pode nadar, e são bem populares aqui; Na do Alqueirão, além de nadar, ainda é possível fazer outras coisas como andar de Jet Ski, Barco, Caiaque, Stand Up Paddle e até pedalinho, que nós muito adultos resolvemos fazer.
Após torrar no pedalinho por meia hora, e cansar as pernas, consegui convencer o Lucas que a água estava “quente” o suficiente para um mergulho. Trocamos de roupa, e passamos um tempinho ali.
Ao chegar perto da hora do almoço, achamos que era hora de encerrar a viagem e seguimos em direção a Braga, para o destino final da viagem, a Taberna Belga. 😀
Tal como eu contei em cima, foi uma viagem bem curtinha, mesmo para dar uma respirada e de pouca aventura. Foi incrível conhecer um pedacinho de nada do Gerês, e pra quem é um pouco mais aventureiro do que nós, deve ser necessários muitos dias para conseguir ver tanto que o PNPG tem para oferecer.
* Mais infos do parque: http://www2.icnf.pt/portal/ap/pnpg