Eu já contei aqui, que não gosto muito e nem sou perita em coisas que adultos têm que decidir, e por isso, eu provavelmente deixei a vida do Lucas muito difícil nos últimos meses de 2020.
Estamos em Portugal há quase três anos, e eu odeio essa história de pagar aluguel. Acho um super dinheiro desperdiçado, então quando a pandemia chegou e arruinou parte dos meus planos de viajar, decidi que era hora de buscar a nossa casa, mas eu sou daquele jeito né, decido que quero alguma coisa , encho a cabeça e no fim o pobre do Lucas que lute.
Enfim, eu devo ter uns 100 links de casas, todo dia o Lucas me bombardeava com eles enquanto a gente tentava decidir o que valia a pena. E se achávamos um que valia, começava a disputa pra ver quem entraria em contato com o corretor ou a imobiliária. Nem vou mencionar a quantidade de casas que devemos ter deixado passar por conta disso, já disse aqui antes que se tem uma coisa que eu e e ele detestamos fazer é ligar pra alguém e infelizmente isso aqui é extremamente necessário.
A questão imobiliária em Portugal, não sofreu impacto negativo com a Covid, arrendamentos e vendas continuam em alta e é uma dificuldade achar alguma coisa, e quando se acha algo minimamente habitável, um vacilo e já foi para alguém mais rápido, e quando se tem uma lista de requisitos do tamanho da nossa. A tarefa se torna um bocado mais difícil.
Então, na última semana de agosto de 2020, Lucas praticamente me deu uma intimação; Dormiu mal a noite inteira porque não conseguia se desligar dessas coisas e passou a me encarar como se eu fosse a causa da loucura dele (provavelmente eu sou, mas ele me ama ainda assim), me senti mal, e resolvi que era hora de pôr a mão na massa.
Que fique bem claro que toda a parte burocrática ficou com o Lucas, e prometo que vou fazer ele detalhar essas coisas para vos contar. Mas por hora vou pular essa parte até o nosso achado, e antes disso fazer um adendo:
O que mais me atormenta no processo da compra da casa, é o fato da certeza. Eu tenho sim um coração cheio de sentimentos (apesar de muita gente duvidar), mas eu gosto da lógica. Eu quero que as coisas sejam preto no branco. Não ter certeza de algo é um sentimento que me incomoda profundamente.
Então, neste processo de procurar, visitar uma casa, ter que decidir rapidamente por medo de perder, como ter certeza de que aquele lugar é “O” lugar?
Sou geminiana com ascendente em feelings, eu sabia que a nossa casa seria aquela que quando eu entrasse eu conseguiria nos ver morando lá, eu sabia que minha cabeça faria planos e foi mais ou menos isso que aconteceu.
A intimação do Lucas aconteceu numa terça feira a noite, acho. Na quarta acordei, sentei-me no computador e comecei a fazer buscas aleatórias, e achei um apartamento que se encaixava nos requisitos mínimos. Lucas olhou a região e não gostou muito, eu não achei no site o telefone da imobiliária, e resolvi mandar um e-mail para marcar uma visita, o Lucas disse que eles nunca ligavam de volta, e a vida seguiu. Meia hora depois, meu telemóvel tocou, era o corretor. Impasses para agendar a visita devido ao horário, decidimos ir naquele dia mesmo. Fizemos uma visita em plena quarta-feira às 20:30 da noite. Num dia que tinha tudo pra estar lindo mas que no fim do dia ficou todo encoberto o que gerou uma super névoa na cidade. Ao chegar lá, descobrimos que o caminho era muito mais amigável do que nas fotos. E o apartamento? Surpreendeu.
Voltamos para nossa casa, e começou dentro de mim um sentimento estranho. O apartamento era tudo que a gente queria. Era praticamente, mas e o medo? Aquele que eu citei há pouco. E se depois de aceitar e comprar o ap ele não fosse tudo isso? Resolvemos voltar a luz do dia pra ver, e a visita ficou pro sábado pela manhã.
Levantamos feito zumbis e fomos. Me agradou um bocadinho mais. Bem claro com tanta luz, bom layout, pronto para mudar. Era tudo que eu sempre quis. Faltavam coisas e poderíamos resolvê-las no caminho. Mas agora vou tentar resumir o vai e vem do desespero.
Fizemos a oferta, tivemos um vai e volta devido ao valor, outra reunião alguns dias depois para acertar detalhes, muitos poréns, e então enquanto negociavamos algumas condições para o contrato veio a notícia do corretor de que tinha uma outra pessoa interessada na casa e meu mundo caiu. Fiquei desesperada, e nessa mesma semana ainda iamos de férias! Então, depois de estarmos muito perto de fechar, veio a notícia que temíamos, o apartamento tinha ficado para a outra proposta.
Eu tentei deixar pra lá, tentei aceitar que era a vontade de Deus aquilo não ser para nós. Não vou dizer que não me abati, porque sim, bastante. Desanimei um bocado e não queria procurar mais nada, passaram vários dias, as férias acabaram e voltei a pescar um pouco ali e um pouco cá, e quando percebi estava de frente para um apartamento na mesma rua só que dessa vez com necessidade de remodelar.
Quando começamos a busca pela casa, eu bati o pé um milhão de vezes e disse ao Lucas que nem amarrada eu compraria uma casa para remodelar, eu abominava a ideia de passar por uma obra;
Então, o que nós fizemos? Compramos um apartamento que precisa de obras..
Agora, vamos começar essa tour!