Eu decidi que queria viver fora do Brasil quando fiz minha primeira viagem para a Europa. Quando voltei, comecei a pensar nisso e fomos idealizando como faríamos isso de diversas formas possíveis por mais ou menos três anos e então, em 2018, aconteceu. De forma totalmente diferente do imaginado.
É claro que quando idealizamos a ideia de morar fora, é necessário um planejamento. O nosso principal ponto, meu e do Lucas, era:
Onde vamos viver?
Eu havia ido para a Itália, o Lucas alguns meses depois foi para a Irlanda, e voltou encantado, então estava “decidido”, vamos para a Irlanda! Lucas domina o suficiente de inglês, o campo de trabalho dele tem fácil atuação, eu sou esforçada e isso basta.
Ok, claro que não bastava.
Eu voltei da viagem para a Itália, no meio da faculdade de Arquitetura, uma hora amando e outra odiando a faculdade, não domino nenhuma língua, iríamos começar uma vida juntos vivendo 100% todos os dias, num lugar totalmente diferente, sem conhecer absolutamente ninguém.
Isso nos impediu? Não. Mas mudou um pouco o rumo do planejamento, e ficou decidido da seguinte forma:
- País: Algum da Europa, devido a documentos e tal, mas a Irlanda era tipo um 70% e Portugal figurava nessa lista como uma 2º opção.
- Prazo: Salua acabar a faculdade, ou seja, sem prazo definido.
- Planejamento: Fiz o mais importante e contei pra todo mundo que iria embora do Brasil.
Podemos perceber que o início do planejamento não foi o que geralmente se é esperado, mas eu sou do tipo que acredita que quando queremos uma coisa, essa coisa tem que ser jogada pro universo (e pra minha mãe, já que por ela eu viveria em casa até os 50 anos tranquilamente).
O Momento da Virada
Decidida a programação, ou não decidida, passamos a viver sem pensar muito na viagem enquanto eu não acabasse a faculdade, planeamos outras viagens a fim de conhecer o mundão, e no meio do caos do último semestre resolvemos ir ao Chile. No meio da viagem, ou no começo, já se quer me lembro, Lucas que sempre ignora as milhões de mensagens que recebe no linkedin, recebeu uma mensagem de uma consultora que vinha endereçada de Portugal.
Quando a ideia da Irlanda já não parecia assim tão fantástica para nós, devido a questão da língua e dos meus estudos, começamos a considerar Portugal como um possível lugar devido a “facilidade” em tentar atuar no meu campo de formação visto que a área do Lucas é mais acessível em toda parte do mundo; Ver a mensagem, para mim, foi como um sinal divino luminoso que apontava em letras garrafais: VAMOS PARA PORTUGAL.
Como estávamos em viagem, acabamos por responder a mensagem um pouco mais tarde, tipo um mês depois, e inesperadamente o retorno foi bastante rápido, e começou todo um processo. Nesse processo eu estava num estado de pura ansiedade, Lucas fez várias entrevistas pelo Skype, conversas, entrevistas, validação de skills, enfim, uma série de trâmites.. Então, no início de abril recebemos a notícia. Lucas tinha conseguido um trabalho no Porto, iríamos embora, yupi, viva, massss..
..ele teria que embarcar no prazo de 6 SEMANAS.
Enfim, veio aquela loucura, ou pelo menos pra mim porque ele parecia que tinha 6 meses de preparação e que já tinha feito aquilo um milhão de vezes dado o estado despreocupado que ele aparentava.
Eu estava mais do que realizada com o que ele tinha conseguido, feliz demais por saber que nosso sonho iria ficar real, mas também com milhões de coisas passando pela minha cabeça, o fato de sequer termos ido a Portugal alguma vez, onde íamos ficar, como seria viver longe de tudo que conhecíamos, fora o pânico por saber que no momento mais tenso da faculdade eu ficaria sozinha por quase dois meses, além do risco de não conseguir acabar o TCC e todas essas coisas que passam na cabeça de um futuro formando.
Comecei por tentar a estabelecer prioridades, tipo contar primeiro para a minha mãe que eu ia embora nos 3 meses seguintes, ajudar o Lucas com as coisas que ele precisasse para a mudança, e por fim, terminar a faculdade para poder ir também.
Do resultado, até o embarque dele as semanas correram mesmo rápido, Lucas deixou pra fazer as malas no dia anterior a viagem, quase me deixando louca, enquanto fazíamos a festa de despedida dele. E o dia seguinte foi insano. Eu nem me lembro bem de como as coisas correram, sei que o voo saia por volta das 20hs e fomos antes para o aeroporto para um ultimo almoço em família no Oliver Garden.
Por volta das 18 (embora eu achando muito cedo), acharam que era hora do Lucas embarcar, esperei todos se despedirem e com os olhos cheios de água e de coração já cheio de saudade, vi meu amor atravessar o portão de embarque tranquilamente se preparando para uma nova vida que eu integraria 40 dias depois.
Os dias passaram com ele já no Porto e eu no Brasil, e então, junho chegou.. com o fim da faculdade, meu aniversário, a despedida e o dia de mudar de vida.